Descuidada, a pequenita,
Face rósea de romã,
Revirava, buliçosa,
Os óculos da mamã.
Vidro aos olhos, contemplando
A região colorida,
Demonstrando-se assustada,
Exclama, surpreendida:
– “Oh! mamãe,‘ tudo está negros
Que enorme transformação!...
Parece que toda a casa
Está pintada a carvão.”
Muita aflita, retirando
O vidro de cor escura,
A pequenina observa
Mais tranqüila, mais segura :
– “Agora, sim... Tudo claro,
O armário, a mesa, o jarrão...
Que alívio, mamãe querida,
Ver as coisas tais quais são!”
– “Vês, filha? – diz-lhe a mãezinha
Que buscava meditar, –
Na vida, tudo depende
Do modo de analisar.
Quem aplique aos próprios olhos
O vidro do pessimismo,
Envolve-se em densas trevas,
Projetando-se no abismo.”
João de Deus
Livro Coletâneas do além
Psicografia de Francisco Cândido Xavier