segunda-feira, 19 de setembro de 2022

OS ÓCULOS

Descuidada, a pequenita,

Face rósea de romã,

Revirava, buliçosa,

Os óculos da mamã.


Vidro aos olhos, contemplando

A região colorida,

Demonstrando-se assustada,

Exclama, surpreendida:


– “Oh! mamãe,‘ tudo está negros 

Que enorme transformação!... 

Parece que toda a casa

Está pintada a carvão.”


Muita aflita, retirando

O vidro de cor escura,

A pequenina observa

Mais tranqüila, mais segura :


– “Agora, sim... Tudo claro, 

O armário, a mesa, o jarrão... 

Que alívio, mamãe querida,

Ver as coisas tais quais são!”


– “Vês, filha? – diz-lhe a mãezinha

Que buscava meditar, –

Na vida, tudo depende

Do modo de analisar.


Quem aplique aos próprios olhos

O vidro do pessimismo,

Envolve-se em densas trevas,

Projetando-se no abismo.”


João de Deus
Livro Coletâneas do além 
Psicografia de Francisco Cândido Xavier 






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