quarta-feira, 31 de março de 2021

Ao sol do amor

Brilhando por luz de Deus, ainda mesmo nas regiões em que a obscuridade aparentemente domina, o amor regenera e aprimora sempre.

Podem surgir grandes malfeitores abalando a ordem pública, mas, enquanto existirem pais e mães responsáveis e devotados, o lar fulgirá no mundo, cooperando para que se dissolva a lama da delinquência na charrua do suor ou na fonte das lágrimas.

Podem surgir crianças-problemas e jovens transviados de todos os matizes, mas, enquanto existirem professores dignos do nome bendito que carregam, erguer-se-á a escola por santuário da educação.

Podem surgir doentes agoniados em todas as estâncias da vida, mas, enquanto existirem cientistas consagrados ao socorro dos semelhantes, levantar-se-á o hospital, como pouso da Bênção Divina para a redenção dos enfermos.

Podem surgir criminosos de todas as procedências, gerando reações populares pelos delitos em que estejam incursos, mas, enquanto existirem juízes compreensivos e humanos, destacar-se-á o instituto correcional por cidadela do bem, onde as vítimas da sombra retornem de novo à luz.

Podem surgir empreiteiros do ateísmo e do ódio, da intolerância e da guerra, como verdadeiros alienados mentais, mas, enquanto existirem sacerdotes e missionários da fé, com bastante abnegação para ajudar e perdoar, luzirá o templo, nas diversas confissões religiosas do mundo, como autêntica oficina de acrisolamento da alma.

É justificável, portanto, que a afeição não repouse, além da morte.

Para lá da fronteira de cinza, agiganta-se o trabalho para todos os corações acordados ao clarão do amor sem mácula.

Mães esquecidas na legenda do túmulo transformam-se em anjos invisíveis de renúncia, ao pé de filhos desmemoriados e ingratos, para que não resvalem de todo nas tenebrosidades do abismo; esposas renascidas do nevoeiro carnal apoiam companheiros desorientados no infortúnio, para que se restaurem no tálamo doméstico; filhos, desligados do corpo físico, tornam, despercebidos, à convivência dos pais, arrebatando-os às tentações do desânimo ou do suicídio, e arautos de ideias renovadoras sustentam-se, em espírito, ao lado daqueles que lhes continuam as obras.

Se te encontras, assim, em tarefas de sacrifício, não recalcitres contra os aguilhões que te acicatam as horas, consciente de que a matemática do destino não nos entrega problemas de que não estejamos necessitados.

Humilha-te e serve, desculpa e edifica, diante dos que se fazem complicados instrumentos de tua dor.

A prova antecipa o resgate, a luta anuncia a vitória e a dificuldade encerra a lição.

E embora se te situem as esperanças no agressivo espinheiro do sofrimento, ama os que te não compreendem e ora pelos que te injuriam, porque a Lei conhece o motivo pelo qual cada um deles te cruza os passos, e erguer-te-á o ânimo, aqui e além da Terra, para que prossigas no apostolado do amor, em perpetuidade sublime.


Livro Religião dos espíritos - Chico Xavier & Emmanuel
Reunião pública de 7/9/59 - Questão nº 569

quinta-feira, 25 de março de 2021

NÃO VÁ AO MEU VELÓRIO

Quando for a minha vez de partir, não vá ao meu velório…

“O velório é um sagrado dever de solidariedade, em que os amigos ofertam conforto à família.”

– Só apareça se puder dar o carinho que os que deixei na Terra merecem… mais que isso, que precisam…

Quando for a minha vez de partir, não vá ao meu velório…

“É também o período em que, a pouco e pouco, os Espíritos do bem irão desatando os laços que unem o Espírito ao corpo agora morto, para sua total libertação. ” – Se não puder me respeitar nessa grande transição, não apareça só para mostrar ao mundo que se importava comigo…

Quando for a minha vez de partir, não vá ao meu velório…

“É um momento solene importante”. – Será o tempo do meu corpo ser devolvido ao pó de que veio, tempo do eu-espírito voltar para casa, talvez confusa pela perturbação que naturalmente ocorre nessa oportunidade… Estarei triste por deixar amores, feliz por ter concluído a obrigação a que me dispus, e de alma dividida precisarei de silêncio, amor, prece e paz.

Quando for a minha vez de partir, não vá ao meu velório…

“É dolorosa a hora da separação pela morte. Possivelmente, um dos transes mais dolorosos na face da Terra. Por isso mesmo, o apoio dos verdadeiros afetos e a solidariedade se fazem tão importantes.” – Se não tiver afeto suficiente para respeitar-me na cena final de minha vida carnal, mostrará mais solidariedade se não for ao meu velório ou se sua passagem por lá for breve, pois a conversa em voz alta, a recordação dos meus erros, a atualização das notícias cotidianas me fará muito mal, especialmente se ocorrerem nas proximidades do caixão que transladará o que restou do que fui materialmente.

Quando for a minha vez de partir, não vá ao meu velório…

Certamente que desejarei te ver no momento de minha despedida. Mas, mais ainda, precisarei focar na minha própria transformação – deixarei de ser larva para virar borboleta! Minha consciência, nesse momento, apontará o destino que merecerei seguir e tudo que você pode fazer para ajudar é doar-me o carinho mais sincero e votos de “boa viagem”.

Não se preocupe se decidir não ir ao meu velório, entenderei como um ato de amor. Mas se tiver amor ainda maior, vá ao meu velório e em silêncio, com carinho, ore por mim.


Fonte: Agenda Espírita


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