segunda-feira, 19 de setembro de 2022

NA ETERNA LUZ



Quando parti deste mundo

Em busca da Imensidade,

A alma ansiosa da Verdade,

Do azul imenso dos céus,

Fugi do pesar profundo,

Lamentando os sofrimentos,

As mágoas, os desalentos,

Confiado no amor de Deus.


Mal, porém, abrira os olhos

Em meio de luzes puras,

Nas radiantes alturas,

Em célico resplendor,

Compreendi que os abrolhos

Que a Terra me oferecera,

Eram mesmo a primavera

Do meu sonho todo em flor.


Disseram-me então: – “Ó crente

Que chegais a estas plagas,

Fugindo das grandes vagas

Do mar revolto das lutas,

Aportai serenamente

Nesta estância do Senhor,

Pois aqui existe o amor

Nestas almas impolutas!


Aqui existe a pureza,

A meiga flor da Bondade,

O aroma da Caridade

Perfumando os corações;

Não se conhece a torpeza

Da lâmina – hipocrisia,

Que mata toda a alegria,

Provocando maldições.


Aqueles que já sofreram

No dever nobilitante,

Cujo peito sempre amante

Só conheceu dissabores;

Aqueles que conheceram

As feridas dolorosas,

Dessas mágoas escabrosas

De um triste mundo de dores,

Encontram nestas moradas

Tão formosas, resplendentes,

Os clarões resplandecentes

De afetos imorredouros!

As almas imaculadas

São flores das boas-vindas,

Luminosas, sempre lindas,

Ofertando-lhes tesouros:


Os tesouros peregrinos,

Formados de amor e luz

Do Mestre Amado – Jesus,

Arauto do Onipotente;

Os reflexos divinos

Quais lírios iluminados,

Alvos, belos, deificados,

Penetrarão sua mente.


Acordai, pois, ó vivente,

Contemplai-vos nesta vida,

Que vossa alma ensandecida

Procure a luz que avigora.


O Senhor sempre clemente,

Concede-vos neste instante

A bênção dulcificante

Do seu amor – doce aurora.


Sacudi o pó da estrada

Que trilhastes na amargura,

Pois agora na ventura

Fruireis consolações;

Nesta esfera iluminada,

Que aportais neste momento,

Não vereis o sofrimento

Retalhando os corações.



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