sexta-feira, 14 de outubro de 2022

A crucificação

Fita o Mestre, da cruz, a multidão fremente,

A negra multidão de seres que ainda ama.

Sobre tudo se estende o raio dessa chama,

Que lhe mana da luz do olhar clarividente.


Gritos e altercações! Jesus, amargamente,

Contempla a vastidão celeste que o reclama;

Sob os gládios da dor aspérrima, derrama

As lágrimas de fel do pranto mais ardente.


Soluça no silêncio. Alma doce e submissa,

E em vez de suplicar a Deus para a injustiça

O fogo destruidor em tormentos que arrasem,


Lança os marcos da luz na noite primitiva,

E clama para os Céus em prece compassiva:

“– Perdoai-lhes, meu Pai, não sabem o que fazem!.. .“

Olavo Bilac
Livro: Parnaso de Além-Túmulo 
Psicografia de Francisco Cândido Xavier 



SLIDES