sábado, 10 de março de 2018

VÁ COM DEUS

O Chico veste-se humildemente. Possui apenas dois ternos, um do uso e outro da reserva. Certo Médium de São Paulo que o visitava, vendo-o tão mal vestido, exclama: Pensava em encontrá-lo, como o maior Médium de todos os tempos, bem vestido, bem alojado, vivendo uma vida folgada e o encontro assim, maltrapilho. Não está certo. Precisamos fundar a Sociedade dos Médiuns. 
O Chico sorri e nada responde... 
Lembrando-se, conosco, deste caso, pondera-nos:
- Vivo assim e sempre hei de viver, enquanto estiver aqui, vivendo a minha prova. E ainda assim me criticam, achando-me rico, com dinheiro nos bancos. Imagine se vivesse diferentemente, o que não diriam...
Depois, reportando-se ao passado, conta-nos: 
- Tempo atrás, passou momentos críticos. Um infeliz irmão, dado ao vício de tirar coisas alheias, entrou no seu quarto e, na sua ausência. Levou-lhe o único terno, que possuía de reserva. Ficou aflito, mas não desesperado. Seus irmãos, sabendo do acontecido, reagiram. Combinaram uma armadilha para pegar o viciado, certos de que ele voltaria, tanta facilidade encontrou para agir... E fizeram uma trouxa de roupas usadas e a colocaram à janela de seu quarto bem à vista. Traduzindo-lhe as intenções, ofereceu-lhes o Chico para ficar de guarda. Aceitaram. E por algumas noites, vigiou. Quando menos esperava, alta hora da noite vê alguém entrar no seu quintal, dirigir-se à sua janela, pegar na trouxa e levá-la. Deixou passar alguns minutos e, depois, deu o alarme. Levantaram-se os familiares apressadamente, inteiraram-se do roubo, e deram uma busca; tudo em vão. Não encontraram o ladrão.
- Mas Chico, como deixou o ladrão fugir, advertiu-lhe um dos irmãos. - Estava cansado e dormi. Quando acordei já a trouxa não estava na janela, respondeu-lhe. 
Mas, todos, ficaram contrafeitos, achando que, diante do acontecido, não deviam ter dó do Chico; que por castigo, deveriam deixar que ele andasse só com um terno, até que, de sujo se apodrecesse no seu corpo. 
O caso morreu. Uma tarde, vinha o Chico na sua charrete, de volta da fazenda, quando alguém fá-lo parar e lhe implora: 
- Irmão Chico, pare, desejo lhe pedir perdão. 
- Perdão de quê, meu irmão? 
- Fui eu quem lhe roubou as roupas... E, quando fui verificá-las, encontrei seu bilhete, que me tocou o coração, pois que me dizia: Vá com Deus! E até hoje sinto que estou com Deus e Deus está comigo e não posso roubar mais. 
O Chico abraçou-o comovido, perdoou-lhe a falta e, satisfeito por vê-lo reformado, tornou a dizer-lhe: 
- VÁ COM DEUS, meu irmão!

➡ Lindos Casos de Chico Xavier por Ramiro Gama.



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